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AVC causado pela hipertensão matou 1.338 alagoanos em 2012

27/04/2013 23:52

 


Seu Ernandes, no leito, e o genro Adelson: alimentação carregada no sal

Seu Ernandes, no leito, e o genro Adelson: alimentação carregada no sal

Um mal silencioso que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, a hipertensão é uma doença que pode causar sérios danos à saúde, inclusive alguns que podem deixar sequelas, a exemplo do acidente vascular cerebral (AVC). Popularmente conhecido como derrame, ele levou 2.897 alagoanos a necessitarem de internação somente no ano passado, além de levar 1.338 à morte, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Apesar de não ter cura, a doença pode ser controlada com mudanças nos hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos, segundo orienta a nutricionista Amália Alencar, da Sesau. Ela admite que as pessoas têm dificuldades para mudar a alimentação e também para reduzir drasticamente o consumo de sal nas refeições, como ocorre em casos mais graves da hipertensão, onde o controle só é realizado quando há a retirada do sódio. Mas a nutricionista afirma que é possível se alimentar de forma correta, reduzindo produtos e temperos industrializados, onde as taxas de sal são acentuadas.

E diante desta dificuldade de mudar os hábitos alimentares e se exercitar, Amália Alencar afirma que é possível fazer a substituição de alimentos de forma tranquila, sem exigir sacrifício. Mudanças que, segundo ela, podem ocorrer sem traumas e levar qualquer pessoa a consumir a quantidade de sal determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que corresponde a seis gramas em todas as refeições.

“Na luta para assegurar a qualidade de vida e prevenir doenças relacionadas à alimentação, vale qualquer sacrifício na montagem de um cardápio saudável e, que trará resultados futuros. Os alimentos gordurosos e salgados podem ser substituídos sem traumas. Afinal é fundamental ter uma boa saúde e se livrar do fantasma de doenças que levam a consequências mais graves, inclusive invalidando o paciente e podendo levar à morte”, enfatiza a nutricionista da Sesau.

Vilão

Ela alerta que a retirada ou a redução do sódio é o principal passo para prevenir a hipertensão, ou melhor, a reduzir os seus efeitos. “Mas não é apenas retirar o saleiro da mesa ou do preparo dos alimentos. É necessário passar a vigiar também sua quantidade nos alimentos industrializados, a exemplo dos congelados, catchups, mostardas, temperos e até mesmo o refrigerante, principalmente os zero”, alerta.

Para a pessoa se policiar e conseguir consumir menos sódio, a nutricionista da Sesau recomenda que observe atentamente o rótulo dos alimentos que estão nas embalagens dos produtos que costumam ter muito sódio. “Esse cuidado dos consumidores é uma ferramenta importante para se controlar o sódio e todos devem seguir esta recomendação. Com isso, será possível verificar se a quantidade de sódio dos alimentos está adequada às seis gramas máximas que devem ser consumidas diariamente”, orienta.

Diante do número de hipertensos que aumenta anualmente, o Ministério da Saúde pactuou, com as indústrias alimentícias, a redução do sal em alguns alimentos, a exemplo do pão. Mas, de acordo com a nutricionista da Sesau, o controle da doença não deve se limitar a determinações governamentais, pois cabe à população adotar hábitos alimentares saudáveis.

Para isso, explicou Amália Alencar, é essencial fazer as substituições, trocando alimentos gordurosos por legumes, frutas e verduras. “Mas é necessário evitar temperos condimentados, passando a fazer uso dos naturais como coentro e manjericão, que são encontrados com facilidade nas feiras e mercados públicos”, informa.

Problemas decorrentes da doença

Cérebro, olhos, coração, rins e artérias. Esta é a lista dos órgãos mais atingidos pela hipertensão arterial – doença que pode ser prevenida ou retardada com a adoção de um estilo de vida saudável, com prática regular de atividade física, alimentação balanceada e com pouco consumo de sal.

No caso de seu Ernandes Nascimento, 47 anos e pai de quatro filhos, o órgão afetado foi o cérebro. Ele sofreu um acidente vascular encefálico (AVE) no último dia 13 e, desde então, está recebendo assistência na Unidade de Neurologia do Hospital Geral do Estado (HGE).

Adelson da Silva, genro de seu Ernandes, contou que ele sentiu uma forte dor de cabeça seguida de formigamento na mão. “Fomos ao hospital da cidade [São José da Laje] e de lá nos encaminharam para Maceió. O derrame comprometeu um pouco a fala, mas ele já está bem melhor”, relata.

Falando ainda com dificuldades, seu Ernandes afirmou que descobriu a hipertensão há dois anos. Atualmente, realiza acompanhamento médico no posto de saúde de São José da Laje, pratica atividade física (caminhada) e diminuiu a ingestão de sal.

Apesar de saber que precisa ter uma alimentação mais saudável, seu Ernandes admitiu que seu consumo de sal ainda está acima do adequado. “Estava acostumado com muito sal; é que comida sem sal não tem gosto, mas estou diminuindo”.

Redução da expectativa de vida

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), após os 55 anos, mesmo as pessoas com pressão arterial normal têm 50% de chance de desenvolver a hipertensão. Ter pressão alta aumenta as chances de ocorrência de infarto, acidente vascular encefálico (AVE), insuficiência cardíaca e renal, impotência sexual, além de outras complicações que alteram a qualidade de vida. Segundo a OMS, quem é hipertenso e não faz o controle adequado pode ter uma redução na expectativa de vida de até 16 anos e seis meses.



Fonte: Ascom Sesau
 

Reportagem TNH1

 

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